Além do projétil

O YouTube é mesmo uma ferramenta didática fantástica. Um dia desses me perguntaram como se originavam as zonas de esfumaçamento e de tatuagem nos ferimentos produzidos por disparo de arma de fogo. Como o questionador era um policial militar, presumi que ele entendesse de arma de fogo e procurei dar um explicação de acordo com os fundamentos do tiro. Ele não entendeu. Pena que eu não tinha acesso ao YouTube na ocasião.

Disse a ele que o projétil não saia da boca do cano sozinho. Junto com ele, saem os gases superaquecidos, fuligem (oriunda da combustão da pólvora), grãos de pólvora incombusta e uma língua de fogo. No disparo a curta distância, a fuligem se deposita no alvo, gerando a tal zona de esfumaçamento. Na mesma situação, os grãos de pólvora incombusta, acelerados pela expansão dos gases em combustão, atigem os tecidos e neles se impregnam, gerando pequenas manchas vermelhas salpicadas ao redor do orifício de entrada do projétil (a tal zona de tatuagem).

Após minha explanação, o policial me olhou com aquela cara interrogativa, mas envergolha de perguntar novamente, e acenou com a cabeça como se tivesse entendido. Achei que ele não tivesse noções de medicina legal. Na verdade, ele não sabia muito sobre o funcionamento de uma arma de fogo.

Hoje, me mandaram o vídeo abaixo. Nele se vê os gases saindo do cano juntamente com fuligem, pequenos grãos (pólvora incombusta) e, claro, o projétil em rotação. A filmagem foi feita em muitos quadros por segundo (seguramente mais de 500) e é reproduzida em cerca de 24 fps. (frames per second). Isso dá a sensação de slow motion e facilita a visualização desses elementos.

 

Ah se eu tivesse esse vídeo para explicar os elementos do tiro ao policial!