Urubus: uma influência forense negligenciada

Um dos fatores mais importantes para uma investigação criminal envolvendo um corpo, é a estimativa de tempo de morte. A medicina legal traz uma série de métodos capazes de balizar a avaliação temporal, todos eles relacionados ao conhecimento de fenomenos cuja ocorrência se inicia com a morte. Alguns desses fenomenos são o algor mortis, o rigor mortis, o livor mortis, etc.

Outros métodos levam e consideração a fauna cadavérica, isto é, os animais cujo nicho ecológico se associa de alguma maneira a um cadáver. É o caso de várias espécies de insetos (principalmente moscas e besouros, cujo tema exploramos quando da divulgação de um curso de capacitação) e alguns vertebrados (urubus, felinos, roedores…). Os primeiros são estudados pela entomologia forense, objeto de muitos artigos e livros científicos já publicados. Já a ação de vertebrados sobre o corpo recebe muito menos atenção.

Se a ação de vertebrados é pouco estudada, então deve ser pouco informativa para a perícia, correto?

Cada vez mais percebemos que não é bem assim. Muitos estudos envolvendo os efeitos da fauna cadavérica na estimativa de tempo de morte desconsideram a atividade de vertebrados carniceiros. Isso porque, no campo, sobre os modelos de estudo (normalmente cadáveres de porcos) são colocadas gaiolas que evitam a interação de quase todos os vertebrados com o corpo. Logo, estimativas de tempo de morte que consideram apenas a atividade entomológica podem desconsiderar a aceleração do processo proporcionada por urubus, por exemplo.

Esse é o campo de estudo da Dra. Lauren Pharr, pesquisadora que usa conhecimentos de antropologia, tafonomia e comportamento de urubus no levantamento de informações relevantes à investigação criminal. Mas melhor do que explicarmos a aplicação desses conhecimentos, é ouvirmos (e vermos) a própria pesquisadora explicando e exemplificando em uma palestra que ministrou no TEDxLSU:


PS- Sim, sabemos que a representação da imagem de capa não são urubus, mas sim corvos.